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Sobre mim

Meu nome é Giovanna e tenho 21 anos. Sou formada técnica em mecânica pelo Instituto Federal de São Paulo e atualmente curso Bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal do ABC, junto com Neurociência e Engenharia Biomédica. 

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Jessie Bates III e os Problemas da Franchise Tag

  • Writer: Giovanna Sociarelli
    Giovanna Sociarelli
  • May 17, 2022
  • 4 min read

Jessie Bates III, safety do Cincinnati Bengals, recusou-se a assinar a Franchise Tag imposta pela franquia em março e, ao que parece, não pretende jogar sob ela. Mas afinal, o que significa esse termo? Quando ele foi criado? Quais são seus problemas?

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Fonte: Getty Images

Quem acompanha de perto o mundo da NFL sabe o quão complicadas são as relações entre liga, franquias e jogadores, o que já causou inclusive um bloqueio de mais de 100 dias em 2011 e uma greve geral em 1987. Com o intuito de minimizar as desavenças, foi criada, em 1956, a NFLPA (National Football League Players Association), que nada mais é do que um sindicato com o objetivo resguardar os direitos dos jogadores. Apesar disso, como você já deve ter percebido, nem sempre é possível “manter a paz”, pois é normal que os acordos acabem por privilegiar o lado mais forte, ou seja, o dos times. Como Tom Brady disse em Man in The Arena, não é fácil brigar contra 32 bilionários.


Após essa pequena introdução [ou enrolação, chame do que preferir], chegamos ao assunto realmente conveniente do texto, que é a Franchise Tag, um grande exemplo de regra da NFL que não costuma agradar aos jogadores e, no caso específico, ao Safety Jessie Bates. Antes de mais nada, é necessário explicar o que raios significa esse termo e o que ele muda na nossa vida [ou na liga, para ser mais exata].


Anualmente após o final da temporada ocorre a Free Agency, período em que os jogadores em final de contrato podem assinar novos acordos, seja em seu time de origem, seja em outro que mais lhe convir. Porém, antes de que esse processo ocorra, cada franquia tem o direito a utilizar uma Franchise Tag, uma espécie de contrato de 1 ano a um preço estabelecido previamente por posição, o que traz vantagens para ambos os lados: o time mantém um jogador importante [que provavelmente tinha intenções de sair] sem gastar muito, enquanto o jogador recebe um belo pagamento para isso.


Esse conceito foi criado em 1993, exclusivamente para quarterbacks, como forma de benefício mútuo, pois, dessa forma, os jogadores recebiam um grande pagamento, enquanto os times garantiam estabilidade no elenco. No entanto, 29 anos depois, isso foi expandido para todas as posições, com valores sendo alterados todos os anos, mas ainda sim sendo “tabelados”. A exemplo, valores estimados de franchise tag em 2022, de acordo com Bleacher Report:

Quarterback: $29.5 milhões

Linebacker: $18.5 milhões

Wide receiver: $18.5 milhões

Defensive end: $17.5 milhões

Cornerback: $17.5 milhões

Defensive tackle: $17 milhões

Offensive lineman: $16.5 milhões

Safety: $13 milhões

Tight end: $11 milhões

Running back: $9.5 milhões

Kicker/Punter: $5 milhões

Contudo, esse conceito tem cada vez mais desagradado aos jogadores da NFL, visto que atualmente vivemos em uma época de empoderamento por parte destes. Esse cenário de Franchise Tag mostra ainda mais o poder o qual as franquias impõem sobre seus jogadores, pois, por mais que eles tenham feito uma temporada muito boa, não podem testar o seu valor de mercado ou negociar contratos de longo prazo, deixando-os dependentes de uma nova temporada em alto nível para, finalmente, poder negociar seus valores com o clube (ou outros). Essa lógica pode causar enormes atritos, que podem entrar em empasses de resolução entre os dois lados.


Nessa offseason, a nova novela causada por esse “acordo” é do safety do Cincinnati Bengals, Jessie Bates III, o qual recebeu a franchise tag em março e, até o presente momento, recusou-se a assiná-la. O jogador, que foi crucial na secundária vencedora da AFC, alega não ter intenções de jogar sobre a tag e já deu declarações públicas na NFL Now de ser contra esse conceito.


“Isso é algo que deve ser um pouco discutido na NFLPA. Alguns dos melhores jogadores saem prejudicados sobre a franchise tag. É difícil. Você só tem uma chance. Você tem que jogar direito as suas cartas, eu acho que poderia dizer assim.” - disse Bates.

Duas coisas que eu acredito terem influenciado essa decisão foram: sua temporada em alto nível, além de ter sido decisivo nos playoffs, e o contrato do safety Marcus Williams. O ex New Orleans Saints teve que jogar a temporada de 2021 sob tag e, assim que possível, buscou um novo contrato longe de sua franquia anterior, assinando com o Baltimore Ravens por 5 anos e 70 milhões (média 15 milhões por ano), além da garantia maior de tempo de contrato.


O que Bates provavelmente quer dizer com “Você só tem uma chance” está ligado diretamente ao fato de que, caso queira um contrato de longo prazo, deverá jogar mais um ano em alto nível, além de ter que contar com a “sorte” para que nada saia desse plano, como uma lesão. Assim, esse impasse gera a cada dia um atrito maior entre Bates e o Bengals, pois um se recusa a jogar sob estas condições (inclusive participar dos training camps) e o outro se recusa a propor um contrato de longo prazo (talvez pensando no salary cap para os próximos anos com a renovação de Joe Burrow e Ja’marr Chase).


Você deve estar se perguntando como podemos sair dessa situação. Bates e Bengals têm até 15 de julho para ficarem na mesma página, seja a assinatura da tag ou um acordo de longo termo. Porém, a situação é extremamente delicada, posto que a linha entre ceder à pressão e o desgaste emocional gerado fica, a cada dia, mais tênue. Resta saber quanto poder o Bengals pretende dar à sua estrela para que isso se resolva. Oferecer um contrato de longo prazo? Tentar trocá-lo? Continuar esperando para ver se as “ameaças” realmente se concretizam?


Muitos podem olhar para isso e pensar que é frescura por parte do safety. Contudo, o que me resta de lição de toda essa situação é: os jogadores também são pessoas. Por mais que a gente assista a NFL e, por muitas vezes, imaginemos que eles são robôs, a verdade é bem mais distante disso. Eles também devem se preocupar em garantir o próprio futuro, principalmente financeiramente falando. Claro que ninguém quer que isso aconteça, mas se trata de um esporte com alto índice de lesões, algumas que podem acabar com a carreira. Até que ponto eles estão errados de tentarem extrair o máximo quando há uma chance? Até que ponto eles estão errados em imaginar que é a última chance?


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